Criada no começo do século XVI, por escravos, na época em que o Brasil ainda era colônia de Portugal, a capoeira sempre foi considerada uma arte marginal. Mas, hoje, essa idéia mudou drasticamente, em todo o país. Agora, a arte-luta é praticada nas melhores academias, localizadas nos principais Bairros de Fortaleza, por pessoas de classe média alta.
Alexsandro Nascimento, professor de capoeira há seis anos, trabalha com o esporte em dois projetos, o ABC da Serrinha e do Mondubim, e no shopping Maraponga Mart Moda defendeu que “a capoeira não é mais voltada apenas para as classes baixas. Houve uma evolução enorme e hoje, com um pouco mais de poder aquisitivo dentro da capoeira, fica melhor de ensinar”.
Para o professor o crescimento da luta também há uma explicação. “A mídia influenciou muito. Há alguns anos, a novela Malhação trouxe como um dos temas a capoeira. E isso acabou alavancando e profissionalizou o esporte. Hoje temos professores e vários cursos para a habilitação necessária para lecionar”.
Dando aulas para pessoas de todas as classes, o mestre diz que a diferença inexiste. “Dou aulas em favelas e em um shopping (Maraponga Mart Moda) e o público acaba aprendendo bem, sem distinção de classes. E isso só enobrece o nosso trabalho”.
O estudante de jornalismo e praticante de capoeira há nove anos, Jefferson Passos, acredita que essas mudanças na classe que pratica o esporte se deve ao fato de que a capoeira está sendo praticada dentro das academias. “Dessa forma fica mais caro participar de uma roda de capoeira e com isso o público também é diferente”.
Para o estudante essa arte-luta praticada nas academias faz com que a essência do esporte seja perdida. “Capoeira nasceu nas classes baixas, na periferia, por isso eu acho que para chegar até as outras classes é preciso que seja praticada em todos os cantos e não apenas em um”, acrescentou.
Passos acredita que as academias estão descaracterizando a capoeira, pois a arte-luta também é uma forma de cultura expressada pelo povo. “Para mim o correto seria a criação de escolas de capoeira, como é feito na Bahia”.
Além disso, ele destacou que a maioria da capoeira de rua que se encontra em Fortaleza é praticada no calçadão da Avenida Beira Mar, local conhecido pelo grande número de turistas e também por ser um local de lazer de muitos cearenses. “Esse é um dos locais com os melhores capoeiristas do Ceará. O intuito é chamar a atenção dos turistas, isso contribui bastante para o crescimento do turismo”.
Histórico
A passagem dos campos de mata aberta para as salas das academias não foi a única modificação sofrida pela arte. Além de lugar fixo para o treinamento, foram implantados também horários para tal. Foi padronizado um uniforme que consiste em calça branca, representando as calças de saco que os negros usavam para a lida, e um cordel que deve ser amarrada no lado direito cintura da calça.
Nos tempos modernos, os capoeiristas são graduados de acordo com os seus conhecimentos e com o tempo de prática na capoeira. Cada graduação é representada por uma cor no cordel, que é amarrado na calça do capoeirista do lado direito.
Em cada grupo designa um conjunto de cores que irá representar as graduações. As pessoas entram para as aulas de capoeira, em seguida, começam um treinamento. Nesse período inicial eles são chamados de "pagãos", ou seja, eles não foram ainda batizados.
O batizado de capoeira representa o momento em que os indivíduos recebem a sua primeira graduação pelo grupo. Nesse dia eles deixam de ser pagãos, pois durante esse evento é costume entre os grupos dar um apelido ao capoeirista. O apelido é uma tradição desde os tempos que a capoeira era considerada uma arte marginal e os capoeiristas eram obrigados a usar codinomes para não serem identificados, mediante isto, serem presos pela polícia.
Roda de Capoeira realizada no calçadão da Avenida Beira Mar, em Fortaleza:
Repórteres: Thiago Rocha e João Romero
Parabens pela materia Thiago e Romero, bela materia sobre a capoeira aqui na cidade vejo que cada vez mais praticante dessa arte marcial.
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