quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Música e noite: uma relação que deu certo



Marcos Maia, violonista, experiente na área e Glauber Lívio, cantor em início de carreira, não se conhecem, mas estão unidos em nome da cultura
A música faz parte do universo da cultura popular. Em Fortaleza, não só ela é responsável por contagiar diversos públicos, mas a noite é a principal ferramenta cultural da cidade. Repleta de sons, emoção e magia, a noite também é capaz de alimentar profissões. Marcos Maia, violonista, 49 anos, toca nas noites da capital há 25. Da década de 80 para os dias atuais, a noite se transformou. “O surgimento de novos gêneros, estilos musicais e casas noturnas. Há uma eterna rotatividade quanto a esses aspectos.”
Durante esse período, o músico enfrentou várias dificuldades. “Foi difícil conseguir instrumentos musicais de qualidade por conta das altas taxas de importação. Os instrumentos nacionais não têm rigor no controle de qualidade. A falta de um sindicato dos músicos atuante para fiscalizar e assegurar a relação entre contratante e contratado e ainda, a falta dos direitos e garantias do profissional da música.” Desabafos à parte, também há muitas vantagens em trabalhar na noite. “Prática de repertório, divulgação do trabalho, formação de platéia e possibilidade de outros contratos de trabalho”, afirma o músico.
Para Marcos Maia, Fortaleza além de ser ponto turístico, também é incentivadora da cultura. “Há muitos editais de cultura, festivais, estúdios de ensaios, gravações e equipamentos de cultura como CDMAC (Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura) e o Centro Cultural Banco do Nordeste”. A música, considerada uma produção artística, contribui para a formação cultural do ser humano. “Quando trabalhamos com arte, no caso, estamos contribuindo para o desenvolvimento da cultura da sociedade em que vivemos. Eu trabalho com formação humana tanto no aspecto do processo de ensino/aprendizagem quanto no entretenimento visando à formação de platéia”.
E finaliza: “A música é uma grande amiga e o violão, um grande amigo. Os dois sempre estão comigo e me levam para lugares inimagináveis. Não existe solidão no planeta música. O sustento da minha vida vem da música, e ela nos atinge física e psicologicamente.”
Outro exemplo de profissional da música, com experiência de apenas quatro anos, o cantor Glauber Lívio, de 27 anos, também participa de apresentações nas noites de Fortaleza. Na adolescência,  teve a oportunidade de se dedicar à música aos 16 anos, quando lesionado em um jogo de vôlei. Investiu em seus estudos e hoje recebe convites para se apresentar em bares, restaurantes e aniversários.
O jovem cantor não consegue sobreviver somente da música. De dia trabalha como operador de áudio em uma emissora de televisão e quando surgem convites para cantar, ele faz o possível para aceitar. Conquistar o seu espaço não foi nada fácil, lembra Glauber: “tive que aceitar logo no começo cachê ridículos, mas como eu queria expressar na minha voz os meus sentimentos, eu sempre aceitava. Graças a Deus hoje o cachê já melhorou, mas foi difícil conquistá-lo. Ainda é difícil manter o seu espaço entre várias pessoas que se dizem cantoras”, desabafa.
A escolha por cantar MPB, não surgiu desde o começo de sua carreira. No início, cantava outros estilos musicais, mas hoje ele afirma que este tipo de música é o seu forte mesmo com o preconceito de algumas pessoas. “Hoje tem muita gente que tem preconceito sabe, porque eu sou contrautino e canto MPB. As pessoas olham meio torto por eu interpretar músicas femininas, mas depois que conhecem meu trabalho mudam um pouco essa opinião.”
Apesar das dificuldades, o cantor esclarece que a música influencia bastante a vida das pessoas, principalmente a música popular brasileira que de forma coerente consegue contagiar o público em uma linguagem simples o que se quer expressar. Mas em meio aos elogios quanto à MPB, Glauber fica triste ao lembrar que atualmente a maioria das pessoas estão “americanizando” suas músicas, ou seja, conseguem repertórios de outros países e só fazem traduzir.
 A entrevista se encerra com Glauber Lívio declarando seu amor pela música. “Acho que música já faz parte de mim, a música na minha vida é forma de expressão. É a alma com desejo de liberar suas emoções”, suspira.


SERVIÇO: Marcos Maia toca todas as sextas-feiras à noite no Restaurante Regina Diógenes e também é professor de Música da Universidade Estadual do Ceará. Glauber Lívio canta semanalmente no restaurante Shopping Pizza e aceita convites para qualquer tipo de apresentação.

Um comentário:

  1. Intyeressante que fortaleza tem a cultura de em restaurantes e pizzarias serem locais onde se pode ouvir uma boa música.

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